DIEESE divulga balanço de greves do primeiro semestre de 2020

Confira a análise do advogado Paulo Fontes

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) divulgou, no último dia 29 de setembro, o balanço de greves do primeiro semestre de 2020.

Alguns números chamam atenção:

1. Foram 355 greves, sendo aproximadamente 55% realizadas por trabalhadores da esfera privada e 45% da esfera pública;
2. 60% das greves duraram apenas 1 dia. 83,7% duraram de 1 a 5 dias.
3. Houve uma redução de greves em 36,5% em relação à média de 2019.
4. 90% das greves ocorreram apenas para defender os direitos conquistados ou por descumprimento de acordos anteriormente realizados.

Para um país de dimensões continentais, em uma Federação com 26 estados e o Distrito Federal e 5.570 municípios, em 6 meses termos apenas 35 greves propositivas e 57 greves com mais de 5 dias, demonstra o momento de crescimento e força do neoliberalismo no país.

É bem verdade que estamos vivendo um momento único no século que se chama pandemia. Contudo, com ela também sobrevieram medidas que impactaram diretamente os trabalhadores brasileiros. Diretamente podemos falar da Lei 14.020/20 que permitiu (e deve ser prorrogada até o fim do ano) a redução de até 70% do salário do trabalhador por “acordo”, sem contar outros ataques.

Os “acordos” também podem ser feitos sem a participação dos sindicatos, em uma violação direta ao art. 8º, da Constituição Federal, mas validado pelo Supremo ainda no início da pandemia. Indiretamente o desemprego empurrou o trabalhar para os subempregos digitais. Cada vez tendo que se organizar mais como categoria e classe trabalhadora, os entregadores chamaram a atenção do Brasil com o #brakedosapps.

É o trabalhador se organizando para ser tratado de forma minimamente digna. O novo normal está a nossa frente e com ele também o velho normal que é a política de austeridade. As privatizações sempre cercando as empresas públicas e sociedades de economia mista e a Reforma Administrativa podem sacudir os dados de greve do segundo semestre de 2020 ou ainda o início de 2021.

Infográfico Explicativo